A janela e sua vista


Janela com vista para um pier e mar, janela que tem vista para o futuro, cheia de opções de escolhas e possibilidades de levar a vida de uma forma mais leve
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Bem na sua frente, existe uma janela que permite a visão de uma vista de tirar o fôlego, tão linda que parece seus sonhos, aqueles sonhos mais profundos e verdadeiros. Ele está ali parado, em frente ao quadrado dessa janela. Ele consegue ver essa paisagem maravilhosa. Parece que ela carrega um mistério e por mais que existe algo diferente e único nela, a sensação que ele tem é que ele devia estar lá, que ele deveria sentir cada partícula existente do outro lado da janela.

Ele continua parado, hipnotizado, apreciando a paisagem, sentindo algo familiar em cada coisa que observa. A sensação de que deveria estar do lado de fora da janela aumenta, então ele dá um passo diminuindo a distância existente entre ele e o paraíso. Tudo parece uma arte, uma obra com vida; tudo parece vivo; tudo parece uma vida. De repente algo em sua mente ascende, o ar parece mais denso. Prendendo a respiração, o rapaz compreender o que ele enxerga: o seu futuro.

Como ele foi parar ali?

O que está acontecendo?

É possível ver o seu futuro por uma janela e não isso: tudo parece em movimento; em mudança. O rapaz percebe que enquanto ele está, ali, parado, seu futuro está passando diante dos seus olhos. Ele olha para a janela em si. Ela é simples, se não carregasse o seu futuro do outro lado, o rapaz poderia dizer que era como uma janela comum.

Suas pernas parecem pesadas e estão tremulas, entretanto, ainda assim, o rapaz caminha até a janela. Ele levanta as mãos e seus dedos encontram os vidros frios da janela. Então é isso, tudo que separa ele do seu futuro é uma fria barreira de vidro. Uma lágrima escorre dos seus olhos. Ele está tão perto, mas tão perto e ao mesmo tempo... está longe.

O que ele deve fazer?

Algo em sua mente diz que a solução é bem simples: atravessar a janela. Porém... Como? O estômago do garoto embrulha. Ele deve tomar uma atitude. Todo o corpo do rapaz começa a suar frio.

Ele analisa a janela e o vidro novamente. Ele poderia quebrar a transparente barreira e atravessar. Mas... Como ele quebraria? Poderia ser com seu próprio corpo, entretanto, e se ele se machucasse? Então ele poderia usar um objeto para arremessar contra o vidro. Entretanto, não existe nada ao seu redor. Existe apenas ele e a janela com o seu futuro. É uma decisão e uma ação que ele deve fazer por conta própria.

Um medo domina o garoto, diversos pensamentos invadem a sua cabeça de uma só vez. São tantos "e se", tantos "porém". Ele vira de costas para a janela e agora na sua frente existe uma porta  trancada. "Intravessavel". Não tem como voltar por onde ele veio, não tem como voltar para o seu passado. A pressão dentro do cômodo começa a aumentar, de repente o ambiente parece claustrofóbico. Ele tem que passar pela janela.

Uma decisão.

Basta uma decisão e ele sai dali.

Ofegante, molhado por lágrimas, o garoto soca o vidro. Nada acontece com a janela, apenas com a sala, parece que aumentou a pressão sobre o corpo do rapaz. Sua cabeça dói. Seu medo domina, mas, desesperado, ele soca novamente o vidro, dessa vez com mais força e determinação. Ele tem que sair dali.

Soco. Grito. Soco. Trinca. Soco.

Com um barulho, o vidro vira mil pedaços. Um corte se abre na mão no garoto, mas, mesmo sangrando, ele consegue atravessar e encontra seu futuro. Agora o ar entra com mais facilidade. Ele observa a sua volta, sua mente clareia com novos conhecimentos. São novos momentos.  O garoto olha para a sua mão e compreende: seu futuro, agora, é o seu presente.

Ele caminha sempre em frente, desfruta o seu novo local; a sua conquista. Depois de um tempo naquela nova vida, o garoto para e avista, no final daquela estrada, uma janela.

Um novo futuro.

Ana Cristina Rocha

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