Em uma sala de estar


Em uma sala de estar com o estilo rústico, na frente da lareira acessa se encontra uma garota. Uma garota comum, mas com uma expressão triste, abatida, decepcionada. Em um lado dessa garota se encontra uma caixa cheia de fotos, cartas, lembranças… Do outro lado, um caderno em branco e uma caneta. No ambiente toca um CD - que esta mesma garota montou – que só se encontra músicas que são importantes para essa menina, músicas que a fazem lembrar um certo alguém… A menina então pega o caderno e a caneta e começa a escrever; escrever coisas que vem na sua mente: memórias, falas, sentimentos, etc. Tudo relacionado a ele: ao cara que a magoou, a machucou e esse cara é o mesmo que falava que a amava, que ela era tudo pra ele… A menina fica ali escrevendo, escrevendo, escrevendo… Lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto, acaba uma música vem outra e ela está escrevendo. Ela está triste. Termina a música, começa outra e ela para de escrever um pouco, começa então a mexer na caixa. Ela está lendo as cartas, no seu rosto, as lágrimas não param de escorrer. Depois de ler todas as cartas, cartões e bilhetes, ela recomeça a escrever. Enquanto ela escreve, o fogo na lareira queima a lenha, a música enche o ambiente. Do lado de fora da casa, crianças brincam na rua, pássaros cantam nas árvores, alguém nasce, alguém morre… A menina está ali, escrevendo com tanta força que a folha está quase rasgando, seu rosto está vermelho e as lágrimas não pararam de escorrer. Mas neste momento, não são lágrimas de tristeza… São lágrimas de raiva… Depois de umas quatro músicas, ela para de escrever. Começa uma música calma; instrumental, a menina limpa o rosto. Sua mão está doendo, mas essa dor não é maior que ela sente no coração- nada se compara a esta dor… E ela começa a ver as fotos. São tantas fotos! Fotos engraçadas, fotos bonitas, e em todas elas contém apenas duas pessoas: ela e um rapaz, o mesmo rapaz que escreveu uma música sobre o sorriso da garota e cantou debaixo da janela de seu quarto, num pôr-do-sol qualquer. Em algumas fotos a menina fica mais tempo olhando, outras ela ri, outras ela apenas sorri e a cada foto que ela olha mais lágrimas caem de seus olhos. Já se passaram duas músicas e ela ainda está olhando as fotos até que finalmente ela para, pega uma almofada e deita. Ela no momento está olhando pro teto e pensando “Como algo tão especial pode acabar?”. Fica ali filosofando, até certo tempo, e novamente começa a escrever… Depois de ter escrito mais de 10 páginas, ela volta a mexer na caixa, quase vazia. O que resta dentro da caixa são pequenos objetos e muitos corações - a maioria com escritos do tipo “Eu amo você”. Ela mexe com todos aqueles corações e objetos. Depois de ter esvaziado a caixa ela retorna a escrever e fica ali por horas. Nas páginas quase não dá pra entender nada, são palavras rabiscadas, palavras sublinhadas, frases em cima de frases, porém, algo que se vale notar é que: não há um sequer ponto final em todo aquele caderno… Ela para com mais uma vírgula. O CD já repetiu várias vezes, as crianças que estavam na rua, já foram pra casa descansar, as primeiras estrelas aparecem e a menina continua a chorar, ela abraça os seus joelhos e fica ali encolhida no meio da sala, de frente pra lareira, olhando todas aquelas coisas espalhadas pelo chão. Depois do céu já estar totalmente negro e as estrelas brilharem mais do que nunca, ela finalmente para de chorar, pega o caderno que já está no fim, e escreve mais um pouco… Após um longo tempo ela escreve as últimas palavras do caderno - que agora no momento, contém todos os sentimos que a menina já sentiu e sente… -, respira fundo e levanta, suas pernas estão com cãibras, mas não isso importa! Ela começa a jogar as coisas que antes continha dentro da caixa no fogo da lareira e uma por uma o fogo devora suas lembranças. Ela começa a rasgar as páginas do caderno e depositá-las no fogo, também. Neste momento, em uma festa, o garoto das fotos - o dono do coração da menina -, dança e beija várias garotas, e nem sequer o nome da garota, que está na sala chorando por ele, passa pela sua mente. Na sala rústica, a menina já acabou de colocar as coisas no fogo, senta no chão e fica olhando o fogo queimar seus sentimentos. Depois de muito tempo, quando só restam as cinzas na lareira e o garoto já está na cama com outra, ela fecha os olhos e sussurra para a sala vazia: “Ponto final”.

Este é um dos meus textos que escrevi e publiquei no meu Tumblr e como estou meio sem tempo de fazer uma postagem no momento, resolvi trazer ele pra cá, hihi. Aproveite então, se você também tem um Tumblr, e segue lá: Cicatriz do amor. :) Beijinhos e até a próxima, 

Ana Cristina

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