Chuva e calma
We Heart It |
No mesmo momento que escrevo esse texto, a chuva cai e bate na janela reproduzindo aquele som característico e aconchegante, de tal modo, que me sinto em paz. Escuto a minha música preferida do momento, um indie bem calmo com uma letra que diz sobre não estar sozinho.
No meu lado direito está a minha gata, que me olha com aqueles olhos dourados bem atentos e típicos de felinos. Ela balança a ponta do rabo de um lado e para o outro, calmamente. Parece o balançar de um relógio de algum ilusionista, como aquelas cenas clássicas de cinema. "Na hora que eu falar três pegue da sua carteira a nota com maior valor e me entregue", coitada da pessoa.
Acabo de fazer um cafuné na cabeça da bichana e penso o quanto estou calma no momento, eu poderia passar bastante tempo dessa forma. Estou bem, estou relaxada. Pela primeira vez, me sinto em equilíbrio, não estou ansiosa à ponto de descontar tudo em comidas - principalmente doces -, não estou nervosa a ponto de querer socar uma parede, não estou triste, mas também não estou alegre, nem eufórica e animação nas alturas. Estou confortável, estou bem.
Acredito o quanto um chá caíra bem nesse momento. Apesar de não estar frio dentro de casa, sinto que falta o sabor e cheiro de um chá quentinho nessa "cena". Esta possui uma iluminação que só conseguimos em um dia nublado.
Gostaria de ter mais momentos como esse, mesmo sem o chá, está tudo muito bom. Acima do barulho da chuva, consigo escutar os carros e o dia a dia na avenida lá fora. Quantas pessoas tiraram um tempo para relaxar; para pensar; para apenas sentir o momento?
Percebo agora o quanto precisava de um "stop". Não gosto da sensação de que a minha cabeça vai explodir a qualquer momento e muito menos dos meus pensamentos frequentes sobre fugir e ficar bem longe de toda essa civilização com rotinas horríveis, bem no estilo de Into the Wild mesmo. Prefiro e gosto de estar em casa, um lugar confortável, com um som agradável, trocando carinhos com a minha companhia bolinha de pelo e escrevendo tudo que o meu cérebro deseja escrever. Só vivendo, as coisas acontecendo tudo meio que sem um propósito específico, apenas deixando as coisas rolarem. Queria que fosse sempre assim.
Ana Cristina Rocha
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